Nesta quarta-feira, o IBGE divulgou o resultado do PIB no primeiro trimestre desse ano de 2021 e foi surpreendente por diversos motivos. Um dos principais motivos foi que o crescimento e 1,2% foi muito acima do esperado pelo mercado. Além de tudo isso, os números são suficientes para deixar a economia brasileira no mesmo patamar da pré-pandemia.

Uma das consequências da previsão do PIB para o ano de 2021 é uma queda do risco-país. Ele vinha em uma crescente por causa do avanço da pandemia. O risco-país é um fator preponderante para que investidores estrangeiros escolham o país para alocar seus recursos.

O Risco-País que também é chamado de Risco-Brasil ou Risco-Soberano, é um conceito da economia que expressa a probabilidade de insolvência de um país frente aos investidores estrangeiros. Com esse fator, os estrangeiros saberão se o nosso país é um local seguro para que eles possam fazer investimentos ou não.

Quanto mais elevado o risco-país estiver, isso quer dizer que não é um ambiente seguro para que os investidores estrangeiros coloquem seu dinheiro.

É com o risco-país que um estrangeiro saberá a probabilidade de o país honrar ou não com seus compromissos, mesmo em momentos de incertezas como o que vivemos agora.

E qualquer problema nacional poderá afetar positivamente ou negativamente esse risco-país, por exemplo, se o presidente sofre com processos de corrupção, isso afetará negativamente o risco-país, da mesma forma que se o presidente estiver conduzindo o país muito bem, o risco-país será afetado positivamente. Não são apenas fatores econômicos que mexem com o risco-país, mas qualquer tipo de situação que cause alguma instabilidade ao país.

Há dois instrumentos para medir o nível do risco-país e são eles: EMBI+Br e o Credit Default Swap (CDS). Iremos destrinchar cada um deles logo abaixo.

O CDS Brasil, também conhecido como Cradit Default Swap, é um título derivativo do mercado financeiro. Ele funciona como um seguro, tendo como objetivo evitar inadimplência em operações de crédito.

Ou seja, o CDS oferece certa proteção para quem busca diminuir os riscos em uma carteira de crédito. Isso é feito através da emissão de um título por uma seguradora. Essa instituição assume, assim, a função de garantir o resgate do valor investido em casos de inadimplência por qualquer motivo.

A medição do CDS é realizada em pontos. E, como você pode imaginar, se o CDS está alto, isso significa que há um risco maior de que o investidor não receba o pagamento. Isto é, o título precifica o risco de um tipo de crédito.

Assim, esse número também é frequentemente utilizado como um indicador de risco na economia. Em especial nos investimentos internacionais. Dessa forma, o preço do CDS tem relação direta com a possibilidade de um país não pagar suas dívidas.

O primeiro CDS que existiu foi criado pelo banco JP Morgan, em 1997. Originalmente, ele era usado pelas instituições financeiras, visando administrar os riscos de crédito. Hoje, no entanto, essa é uma ferramenta muito popular para a proteção das carteiras de investimentos.

Um CDS, nesse caso, permite que um gestor transfira o risco de títulos em renda fixa sem precisar se desfazer deles.

A negociação do CDS é a chave para determinar o nível de risco para se investir no Brasil. Por exemplo, se houver uma indicação de que há uma demanda maior pela compra por CDS e, assim, seu preço for aumentando, isso quer dizer que há mais Risco-País.

Segundo definição do Banco Central, O EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), calculado pelo banco J.P. Morgan Chase, é um índice ponderado composto por instrumentos de dívida externa, ativamente negociados e denominados em dólar, de governos de países emergentes.

Há um EMBI específico para cada país que está no índice. No caso, estamos falando do EMBI+Br. Seu cálculo corresponde à média ponderada dos prêmios pagos pelos títulos da dívida externa brasileira em comparação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos.

Quanto maior for a pontuação do EMBI+Br, maior será o Risco-País, isto é, o risco de crédito brasileiro. E, conforme os resultados, isso dá parâmetros de negociação no Brasil e também afeta de forma instantânea na decisão dos investidores de aportar ou não seu capital no país.

Apesar de estarem relacionados, Risco-País e rating são coisas distintas, porém complementares. Assim como empresas são avaliadas para o investidor saber como está a saúde financeira dessas companhias, países também estão sob monitoramento das agências classificadoras de risco.

Essas instituições são responsáveis também por avaliar o grau risco de crédito soberano de uma nação, mas por notas, em padrões específicos de cada uma.

Sob o cenário atual, com a nova crise dos mercados, ainda não houve uma atualização do rating soberano do Brasil. A avaliação da S&P Global é a mais recente, do fim de 2019, classificando o país como BB-. Essa nota representa a ideia de que o país ainda não está em grau de investimento, mas, sim, especulativo. Isto é, o Brasil não é considerado um bom pagador referente às suas dívidas.

No entanto, naquela data a agência colocou o país sob perspectiva positiva, indicando que a nota poderia ser elevada dentro de dois anos em caso de melhora da saúde fiscal e do crescimento da economia.

Considerando o atual panorama, assim como houve aumento significativo do Risco-País brasileiro nas últimas semanas, a probabilidade de uma elevação do rating diminui, a depender de como a economia reagirá aos impactos, principalmente, do coronavírus.

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